Renda Fixa

Os desafios da Selic

A Selic é uma das taxas mais importantes da economia brasileira. Ela influencia diretamente os investimentos, o consumo, a inflação e as finanças pessoais de milhões de brasileiros. Mas você sabe o que é a Selic, como ela é definida e quais são os seus desafios? Neste artigo, vamos explicar tudo isso de forma simples e didática para você. Acompanhe!

O que é Selic?

A princípio, o nome Sistema Especial de Liquidação e de Custódia é abreviado para o termo Selic, um sistema informatizado que registra as operações de compra e venda de títulos públicos federais no Brasil. Mas, na prática, quando falamos Selic, estamos nos referindo à taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BACEN) a cada 45 dias.

A Selic é a taxa que o BACEN cobra dos bancos quando eles pegam dinheiro emprestado com o Banco Central, usando os títulos públicos como garantia. Essa taxa serve como referência para todas as outras taxas de juros do mercado, como as taxas de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e investimentos.

A Selic é importante porque ela é um instrumento que o BACEN usa para controlar a inflação, que é o aumento generalizado dos preços dos bens e serviços. A inflação afeta o poder de compra da população e prejudica o crescimento econômico. Por isso, o BACEN tem como meta manter a inflação em uma faixa estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3,75% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos em 2023.

Selic e Investimentos

Sobretudo, a Selic impacta diretamente os investimentos, tanto de renda fixa quanto de renda variável. A renda fixa é aquela que tem uma rentabilidade previsível, como os títulos públicos, os CDBs, as LCIs, as LCAs e a poupança. A renda variável é aquela que tem uma rentabilidade incerta, como as ações, os fundos de ações, os fundos imobiliários e as criptomoedas.

A Selic influencia a renda fixa porque muitos desses investimentos têm a sua rentabilidade atrelada à taxa básica de juros. Por exemplo, os títulos públicos do Tesouro Selic acompanham a variação da Selic, os títulos públicos do Tesouro Prefixado têm uma taxa fixa definida com base na Selic, e os títulos públicos do Tesouro IPCA+ têm uma taxa fixa mais a variação da inflação, que também é afetada pela Selic.

Além disso, a Selic influencia a renda variável porque ela afeta o custo de oportunidade dos investidores, que é o retorno que eles deixam de ganhar ao optar por um investimento em vez de outro. Quando a Selic está alta, os investimentos de renda fixa ficam mais atrativos, pois oferecem uma rentabilidade maior com menor risco. Por outro lado, quando a Selic está baixa, os investimentos de renda variável ficam mais atrativos, pois oferecem uma rentabilidade potencial maior, apesar do maior risco.

Mecanismos de Controle da Selic

Principalmente, o BACEN controla a Selic por meio de operações de mercado aberto, que são as compras e vendas de títulos públicos no mercado. Essas operações afetam a oferta e a demanda de dinheiro na economia, o que influencia a taxa de juros.

Por exemplo, quando o Banco Central quer aumentar a Selic, ele vende títulos públicos para os bancos, retirando dinheiro de circulação. Com menos dinheiro disponível, os bancos aumentam as taxas de juros que cobram dos seus clientes, elevando a Selic. Por outro lado, quando o BACEN quer reduzir a Selic, ele compra títulos públicos dos bancos, injetando dinheiro na economia. Com mais dinheiro disponível, os bancos reduzem as taxas de juros que cobram dos seus clientes, diminuindo a Selic.

O BACEN usa a Selic como uma ferramenta para a política monetária, sendo o conjunto de ações que visam regular a quantidade de dinheiro na economia e consequentemente a inflação. O Banco Central pode classificar a política monetária como expansionista ou contracionista, dependendo de seus objetivos

A política monetária expansionista é aquela que busca estimular a economia, aumentando a oferta de dinheiro e reduzindo a Selic. Essa política é adotada quando a economia está em recessão, com baixo crescimento e baixa inflação. A política monetária contracionista é aquela que busca frear a economia, reduzindo a oferta de dinheiro e aumentando a Selic. As autoridades adotam essa política quando a economia está em expansão, com alto crescimento e alta inflação.

Impacto da Selic na Economia

Além disso, a Selic afeta diversos setores da economia, como investimentos, consumo e inflação. A Selic tem um efeito multiplicador na economia, pois ela influencia as decisões de consumo e de investimento dos agentes econômicos, como famílias, empresas e governo.

A Selic afeta o consumo porque ela determina o custo do crédito, que é o quanto as pessoas e as empresas pagam para pegar dinheiro emprestado. Quando a Selic está alta, o crédito fica mais caro, desestimulando o consumo. Quando a Selic está baixa, o crédito fica mais barato, estimulando o consumo. O consumo é um dos componentes do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país em um determinado período.

A Selic afeta os investimentos porque ela determina o custo de oportunidade dos investidores, sendo o retorno que eles deixam de ganhar ao optar por um investimento em vez de outro. Quando a Selic está alta, os investimentos de renda fixa ficam mais atrativos, pois oferecem uma rentabilidade maior com menor risco. Quando a Selic está baixa, os investimentos de renda variável ficam mais atrativos, pois oferecem uma rentabilidade potencial maior, apesar do maior risco. Os investimentos são outro componente do PIB, pois representam a formação de capital na economia.

A Selic afeta a inflação porque ela influencia a demanda agregada, que é a quantidade total de bens e serviços que os agentes econômicos desejam comprar em um determinado nível de preços. Quando a Selic está alta, a demanda agregada diminui, pois o consumo e os investimentos caem. Quando a Selic está baixa, a demanda agregada aumenta, pois o consumo e os investimentos sobem. A inflação é o aumento generalizado dos preços dos bens e serviços, que ocorre quando a demanda agregada é maior que a oferta agregada.

História da Taxa Selic

A Selic tem uma história de altos e baixos ao longo dos anos. A Selic foi criada em 1996, como parte do Plano Real, que foi um conjunto de medidas econômicas que visava estabilizar a economia brasileira após anos de hiperinflação. Na época, a Selic era usada como um instrumento para manter o regime de câmbio fixo, que era a política de manter o valor do real em relação ao dólar. Para isso, o BACEN tinha que elevar a Selic sempre que havia uma pressão de desvalorização do real, atraindo os investidores estrangeiros e aumentando as reservas internacionais.

No entanto, esse regime de câmbio fixo se mostrou insustentável, pois exigia uma Selic muito alta, que prejudicava o crescimento econômico e aumentava a dívida pública. Em 1999, o BACEN abandonou o câmbio fixo e adotou o regime de metas de inflação, sendo o sistema que vigora até hoje. Nesse regime, o BACEN usa a Selic como um instrumento para manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo CMN, que varia de ano para ano. Para isso, o BACEN elevou a Selic quando a inflação está acima da meta, reduzindo a demanda agregada e os preços. Por outro lado, o BACEN reduz a Selic quando a inflação está abaixo da meta, aumentando a demanda agregada e os preços.

Desde então, a Selic passou por diversas oscilações, acompanhando as mudanças no cenário econômico nacional e internacional. A Selic atingiu o seu maior valor em março de 1999, quando chegou a 45% ao ano, em meio à crise cambial que levou à desvalorização do real. A Selic atingiu o seu menor valor em agosto de 2020, quando chegou a 2% ao ano, em meio à crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19.

Efeitos da Selic nas Finanças Pessoais

A Selic não afeta apenas a economia na totalidade, mas também as finanças pessoais de cada indivíduo. A Selic influencia o orçamento, a poupança e os investimentos das pessoas, conforme o seu perfil e os seus objetivos.

Ela pode influenciar o orçamento porque ela determina o custo do crédito, que é o quanto as pessoas pagam para pegar dinheiro emprestado. Quando a Selic está alta, o crédito fica mais caro, aumentando as despesas com juros e encargos financeiros. Quando a Selic está baixa, o crédito fica mais barato, reduzindo as despesas com juros e encargos financeiros. O crédito pode ser usado para diversas finalidades, como comprar um imóvel, um carro, um eletrodoméstico, fazer uma viagem, pagar uma dívida, fazer investimento, entre outras.

A Selic influencia a poupança porque ela determina a rentabilidade da caderneta de poupança, sendo o investimento mais popular entre os brasileiros. A poupança é um investimento de renda fixa com a sua rentabilidade atrelada à Selic. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), que é uma taxa calculada pelo BACEN.

A Selic influencia os investimentos porque ela determina o custo de oportunidade dos investidores, a qual é o retorno que eles deixam de ganhar ao optar por um investimento em vez de outro. Quando a Selic está alta, os investimentos de renda fixa ficam mais atrativos, pois oferecem uma rentabilidade maior com menor risco. Quando a Selic está baixa, os investimentos de renda variável ficam mais atrativos, pois oferecem uma rentabilidade potencial maior, apesar do maior risco. Os investimentos podem ser usados para diversos objetivos, como formar uma reserva de emergência, planejar a aposentadoria, realizar um sonho, entre outros.

Desafios na Definição da Selic

A Selic é uma taxa, com um grande impacto na economia e nas finanças pessoais, mas que também apresenta diversos desafios na sua definição. O Banco Central tem que levar em conta variáveis econômicas e sociais, como o nível de atividade, o emprego, a renda, o câmbio, a inflação, as expectativas, a confiança, a política fiscal, a situação externa, entre outras.

O Banco Central tem que encontrar um equilíbrio entre estimular o crescimento econômico e controlar a inflação, sem comprometer a estabilidade financeira e a sustentabilidade da dívida pública. O BACEN tem que antecipar os efeitos da Selic na economia, que podem demorar meses ou até anos para se manifestar. O Banco Central tem que comunicar de forma clara e transparente as suas decisões e as suas expectativas, para orientar o mercado e a sociedade.

O BACEN tem que lidar com incertezas e imprevistos, que podem alterar o cenário econômico e exigir ajustes na Selic. O BACEN tem que enfrentar pressões e críticas, que podem vir de diferentes setores e interesses, como governo, empresários, trabalhadores, consumidores, investidores, analistas, mídia, entre outros.

Cenário atual da Selic

Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano, após o Copom ter reduzido a taxa em  0,25% ponto percentual na última reunião, realizada em novembro de 2023. Este foi mais um mês consecutivo de queda da Selic, que iniciou o ano de 2023 em 13,65% ao ano.

O Copom está baixando a Selic para diminuir a inflação, que está em um patamar elevado e persistente. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação, acumulou 4,82% % nos últimos 12 meses, até agosto de 2023. A inflação está bem acima da meta de 3,25% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, estabelecida pelo CMN para 2023.

A inflação está sendo pressionada por diversos fatores, como a alta dos preços dos alimentos, dos combustíveis, da energia elétrica, dos materiais de construção, dos serviços, entre outros.

O Copom espera que a inflação se reduza nos próximos meses, mas reconhece que há riscos que podem comprometer esse cenário. Entre esses riscos, estão a deterioração fiscal, a instabilidade política, a crise energética, a volatilidade externa, entre outros.

Relação entre Selic e Inflação

Então, a Selic e a inflação têm uma relação direta e indireta na economia. A Selic influencia a inflação por meio da demanda agregada, que é a quantidade total de bens e serviços que os agentes econômicos desejam comprar em um determinado nível de preços. A inflação influencia a Selic por meio da meta de inflação, sendo o objetivo que o BACEN tem que perseguir ao definir a taxa básica de juros.

A relação direta entre Selic e inflação ocorre quando o BC usa a Selic como um instrumento para controlar a inflação. Quando a inflação está acima da meta, o BC elevou a Selic, reduzindo a demanda agregada e os preços. Quando a inflação está abaixo da meta, o BC reduz a Selic, aumentando a demanda agregada e os preços.

A relação indireta entre Selic e inflação ocorre quando a inflação afeta as expectativas e as decisões do Banco Central sobre a Selic. Quando a inflação está alta, o BACEN tende a elevar a Selic, para sinalizar ao mercado que está comprometido com a meta de inflação. Quando a inflação está baixa, o Banco Central tende a reduzir a Selic, para sinalizar ao mercado que está disposto a estimular a economia.

Selic e Crises Econômicas

Enfim, a Selic é uma taxa que pode ser usada como ferramenta para mitigar os efeitos de crises econômicas, que são períodos de recessão, desemprego, inflação e instabilidade. A Selic pode ajudar a combater as crises por meio de dois canais: o canal da demanda e o canal da oferta.

O canal da demanda é aquele que afeta o consumo e os investimentos dos agentes econômicos, que são componentes do PIB. Quando há uma crise, o Banco Central pode reduzir a Selic, barateando o crédito e estimulando o consumo e os investimentos. Isso pode ajudar a recuperar o nível de atividade, o emprego e a renda na economia.

O canal da oferta é aquele que afeta os custos de produção e os preços dos bens e serviços, que são componentes da inflação. Quando há uma crise, o Banco Central pode aumentar a Selic, reduzindo a demanda agregada e os preços. Isso pode ajudar a controlar a inflação, que é um dos principais problemas das crises.

Por fim, a Selic é uma taxa com uma grande relevância para a economia e para as finanças pessoais. Ela afeta o consumo, os investimentos, a inflação, o crédito, a poupança, entre outros aspectos.

Porém, Ela é definida pelo Banco Central, que tem que levar em conta variáveis econômicas e sociais, além de enfrentar desafios e incertezas. Ela pode ser usada como ferramenta para combater as crises, por meio dos canais da demanda e da oferta. Por isso, é importante acompanhar a evolução da Selic e entender os seus efeitos na sua vida financeira.

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Esta postagem foi modificada pela última vez em 21 de novembro de 2023 21:42

Carlos Mariano

Olá, seja muito bem vindo! É com alegria que envio cada post, minha profissão é consultor de peças agrícolas a 12 anos e atualmente estudando sobre Economia. O universo da bolsa de valores é algo incrível. Espero poder ajudar em algo. Obrigado.

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